segunda-feira, 11 de maio de 2009

Divã, o filme que encanta o público


Raphaela Cascaes

O trailer de Divã engana: parece uma comédia como os demais filmes brasileiros, mas não é. Embora tenha cenas engraçadas e busque o tom de comédia o tempo todo, trata-se de um drama que, no entanto, não se permite cair na melancolia do gênero, pelo contrário, o filme tem seu valor ao encarar de forma tão digna o drama, sem exagerar ou forçar a barra na hora de aplicar camadas de humor. O foco do filme está em Mercedes (Lilia Cabral, que também protagonizou a peça e é co-roteirista do filme), uma mulher de 40 e poucos anos que está casada há 20 com Gustavo (José Mayer) e mãe de dois filhos. O casamento é estável, bem como o relacionamento com os filhos, que decide, mesmo sem saber bem o porquê, procurar um psicanalista. No divã, Mercedes questiona o seu casamento, a realização profissional e seu poder de sedução. E, assim, antes o que era apenas uma curiosidade, se transforma em uma experiência devastadora, que provoca uma série de mudanças em sua vida cotidiana. Mercedes resolve se reinventar. Começa a sair com um bonitão mais novo (vivido por Reynaldo Gianecchini), pede o divórcio, compra novas roupas e como qualquer tipo término, existe a dor, mas também existe a superação e é nesse segundo elemento que Divã prefere focar. Embora tenha momentos melancólicos, Divã ainda passa aquela mensagem esperançosa e cheia de boas intenções que grande parte dos espectadores gosta de ver no cinema.Lilia Cabral dá um show de interpretação e segura o filme todo já que conhece a personagem melhor do que qualquer outra atriz por conta dos três anos que vivenciou o papel nos palcos. Ela mergulha em Mercedes, a compreende, cria traços de comportamento para essa mulher. Dentre os coadjuvantes, destaca-se Alexandra Ritcher, como a melhor amiga, rouba a cena com seu ótimo desempenho também, devido a química entre ela e Alexandra Richter, com quem atuou na peça. Algumas passagens de Divã na jornada da protagonista pelo autoconhecimento podem tornar o longa regular, mas ele é capaz de se comunicar com o grande público principalmente por conta do carisma de Lilia. A história de Mercedes é uma análise sobre as questões da vida da mulher de classe média na meia-idade, com vários conceitos, análises e questionamentos de psicologia colocados de forma descontraída e de acordo com o momento dramático. Divã, o filme, é a prova de que o cinema brasileiro pode ser comercial sem perder a qualidade, sem ter falta de conteúdo ou fraqueza dramática. Conta com personagens complexas e mais interessantes, situações mais realistas, diálogos bem trabalhados, boas atuações e humor bem construído.
Outro ponto é a mistura de comédia e drama. O filme possui grandes sacadas humorísticas, mas a carga mais “séria” também é importantíssima e presente. Divã é um filme que vale a pena ser visto. Garante divertimento e também reflexão, seja você jovem, adulto ou idoso.

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